Como funciona o Teste de Ancestralidade por DNA?
Publicado em: 15/10/2019, 19:21
Saber onde viveram seus antepassados e identificar se você tem ascendência de alguma população exótica. Tudo isto é possível, através da realização de um teste de Biologia Molecular conhecido como Teste de Ancestralidade. Esse teste, baseado em uma simples amostra de DNA, está despertando a curiosidade de bastante gente. Só para se ter uma ideia, em 2018 um kit comercializado por US$ 75 (cerca de R$ 300,00) foi o produto mais vendido na Black Friday da Amazon nos Estados Unidos.
Apesar de alguns cientistas questionarem o resultado deste exame, o teste de ancestralidade pode ser realizado de forma bem simples. Como sabemos que este é um teste que gera muita dúvida e curiosidade, tentaremos elucidar algumas delas neste post. Por isso, continue a leitura!
Sequenciamento do genoma humano
Antes de falarmos sobre o teste de ancestralidade em si, é preciso explicar sobre o Projeto do Genoma Humano e quais foram suas revelações.
Iniciado formalmente em 1990, o Projeto Genoma Humano foi planejado para ser completado em 15 anos, porém com a evolução das tecnologias este prazo foi diminuído, e em 2003 o projeto foi concluído. A data coincidiu com o aniversário de 50 anos da publicação da estrutura do DNA por Watson e Crick, que foi um dos grandes passos fundamentais para a biologia molecular.
Com o Projeto do Genoma Humano foram compreendidas e descobertas várias questões, como por exemplo que a similaridade entre diferentes pessoas é de 99,9%. Então com tanta semelhança entre nós como podemos saber sobre a nossa ancestralidade? Porque no nosso DNA há polimorfismos, onde o mais comum deles são os Polimorfismos de Nucleotídeos Únicos (chamados de SNP), que diferem entre pessoas. Através deste conhecimento em 2005 um conjunto de pesquisadores de 6 países realizaram um mapeamento dos padrões de SNPs encontrados na população da África, Ásia e Estados Unidos.
Outro ganho com o desenvolvimento de novas tecnologias para o sequenciamento é que esta metodologia se tornou mais acessível. Há dez anos era necessário um investimento de US$ 30 bilhões (R$ 106 bilhões) para se mapear um genoma; atualmente esse custo baixou para US$ 500 (cerca de R$ 1.773). Seu custo decrescente permitiu que os testes de ancestralidade tivessem uma diminuição significativa no seu preço, aumentando a sua acessibilidade para a população.
Ancestrais ao redor do mundo
No DNA encontram-se armazenadas as informações transmitidas de geração em geração desde os nossos antepassados mais distantes e que herdamos diretamente dos nossos pais. Mutações no DNA ocorrem ao longo dos anos e pode diferir de acordo com os continentes onde os indivíduos vivem, estas alterações são herdadas ao longo das gerações e possibilitam não só conhecer as relações familiares de um indivíduo, como também rastrear a sua ancestralidade em termos genéticos e geográficos.
Este exame se tornou popular porque as pessoas têm curiosidade em saber a origem da sua linhagem familiar. Por mais que se tenha uma noção de onde nossos avós vieram, algumas informações podem ser perdidas ao longo das gerações influenciando no verdadeiro conhecimento da nossa árvore genealógica. À medida que as populações se expandiram para diversas regiões ao redor do mundo, ocorreu a miscigenação das diferentes etnias, permitindo a combinação de diferentes polimorfismos, o que permitiu a criação de padrões de características genéticas que servem de base para se traçar a origem de um indivíduo.
O resultado dessas variações genéticas formam a base das análises de ancestralidade. Alguns padrões genéticos são compartilhados entre pessoas de origens diferentes, porém outros padrões são específicos de cada população. Portanto quanto mais diversificada a origem de um indivíduo maior a quantidade de padrões genéticos compartilhados.
Realizando o teste
Hoje é possível realizar um teste de ancestralidade facilmente, onde diversos laboratórios já oferecem este exame a seus clientes. A coleta do material a ser analisado é bem simples, basta um pequeno furo no dedo ou a coleta utilizando um swab na parte interna da bochecha. As células obtidas nesta coleta terão seu DNA extraído, sequenciado e analisado. O estudo de ancestralidade se dá em um primeiro momento pelo conhecimento dos polimorfismos no DNA do indivíduo, que são então comparados com os polimorfismos encontrados em bancos de dados representativos de populações de distintas regiões do Planeta, sendo possível rastrear a ancestralidade geográfica individual, uma viagem ao passado guiada pelo DNA. O resultado é apresentado em forma de porcentagem de representação de cada etnia no seu DNA, como por exemplo: 75% do Norte da Europa, 17% da África e por aí segue.
Procure por um laboratório parceiro DB Molecular e realize o seu teste!
Tipos de Testes de Ancestralidade
Alguns testes de ancestralidade realizados em laboratórios especializados costumam levar em conta mais dois exames para definir a ancestralidade: o teste do DNA mitocondrial e o teste do cromossomo Y. Com isso, a genealogia se torna mais completa e precisa. Confira abaixo como estes dois exames são realizados:
— Teste do DNA mitocondrial: Esse teste pode ser realizado em ambos os sexos, pois é levado em consideração as mitocôndrias (estruturas celulares produtoras de energia), as quais são herdadas exclusivamente das mães. Neste caso são fornecidas informações genéticas herdadas de nossa progenitora, definindo a linha direta das mulheres das famílias.
— Teste do cromossomo Y: A pesquisa no cromossomo Y pode fornecer informações herdadas na linhagem masculina direta. Como o cromossomo Y, que é passado de pai para filho, (mulheres não possuem o cromossomo Y), sua análise pode trazer informações genéticas muito importantes sobre antepassados do sexo masculino.
— Utilização do teste em casos de fertilizações in vitro: Muitas vezes um casal tem dificuldade para a geração de um feto por problemas diversos e precisam de doadores de gametas, mas mesmo assim desejam que seus filhos tenham características físicas semelhantes as suas. Nestes casos pode-se ser realizando o teste de ancestralidade no doador, ou quando possível, selecionado aquele com as características desejadas como: cor da pele, dos olhos, dos cabelos, altura, peso, entre outras.
Lembrando que a escolha de embriões com características genéticas específicas é uma prática muito controversa e ainda proibida no Brasil, apesar de ser amplamente utilizada em alguns países. Como por exemplo nos Estados Unidos são fornecidas informações dos doadores como características físicas, histórico de saúde, hobbies e em alguns casos inclusive a foto do doador na infância, tudo isto para permitir a escolha do doador com as características desejadas, como feito pela influenciadora Karina Bacchi.