Setembro Dourado — Combate ao câncer infanto-juvenil
Publicado em: 16/09/2019, 20:10
O câncer inicia-se com proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em consequência de alterações em genes e proteínas que regulam o crescimento e diferenciação celular, processo denominado tumorigênese. Vários eventos chaves precisam ocorrer para que as células escapem das restrições que evitam a proliferação descontrolada. Sinais de agentes internos e externos as células, tais como fatores de crescimento locais e endócrinos, devem ser produzidos e processados, adicionalmente as células devem tornar-se resistentes aos sinais que normalmente inibem o crescimento.
Como estas características anormais tipicamente levariam ao processo de morte celular programada, as células devem de alguma forma invalidar esse processo. A massa de células crescente requer nutrição, então um novo abastecimento sanguíneo deve ser obtido pela angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos). Sinais inibitórios adicionais devem ser superados para que o tumor atinja um estado maligno, no qual a neoplasia invade os tecidos próximos e se espalha (metástase) para locais mais distantes no corpo. A capacidade de invadir e formar metástase distingue as neoplasias malignas das benignas. As mutações que originam os cânceres podem ocorrer em uma única célula somática, que então se divide e continua se desenvolvendo no câncer, ou, podem ser herdadas por meio da linhagem germinativa e, portanto, estarão presentes em cada célula do corpo. Por ambos os mecanismos, uma vez iniciado, o câncer evolui pelo acúmulo adicional de danos genéticos por meio de mutações nos genes que codificam a maquinaria que repara o DNA danificado e mantém a normalidade citogenética.
O câncer hereditário ocorre frequentemente de forma mais precoce do que o câncer esporádico. Deste modo, geralmente os casos de câncer infantojuvenil são hereditários. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias, os cânceres que atingem o sistema nervoso central e os linfomas. Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumor germinativo, osteossarcoma e sarcomas.
Neste mês, em que a campanha Setembro Dourado tem o objetivo de alertar sobre o câncer infantojuvenil, ressaltamos que, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), não existem, até o momento, evidências científicas robustas de associação entre os casos de câncer na infância ou adolescência e os fatores ambientais. Logo, a prevenção é um desafio para o futuro e a ênfase atual deve ser dada ao diagnóstico precoce e à orientação terapêutica adequada.
Em famílias com histórico significativo de casos de câncer, com várias gerações afetadas e idade de diagnóstico precoce (antes dos 50 anos), é indicada a realização de testes genéticos, inicialmente nos afetados, para a detecção da mutação patogênica. Ao identificar a variante germinativa causal, que segrega com os casos de câncer na família, indivíduos jovens e assintomáticos podem realizar a pesquisa desta variante específica. A presença ou ausência da variante patogênica familial poderá guiar o oncologista na decisão de qual melhor conduta para rastreamento periódico.
Consulte o laboratório DB Molecular para mais informações sobre os testes genéticos para câncer.