Resistência aos Antibióticos
Publicado em: 23/05/2019, 20:32
A resistência aos antibióticos é um dos maiores desafios de saúde pública atual. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, pelo menos 10 milhões de pessoas podem morrer por contraírem uma infecção resistente a antibióticos. Uma lista crescente de infecções como pneumonia, tuberculose, gonorreia e doenças transmitidas por alimentos estão se tornando mais difíceis de tratar à medida que os antibióticos se tornam menos eficazes. Por isso, neste artigo, você vai conhecer como funcionam os antibióticos e os mecanismos que, nas bactérias levam a um aumento da resistência.
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Como surge a resistência aos antibióticos?
Os antibióticos são medicamentos usados para tratar infecções bacterianas. A resistência ao medicamento é potencializada pelo mau uso ou administração excessiva de antibióticos, bem como a falta de popularização de novos fármacos pela indústria farmacêutica. Utilizado de maneira errada, o antibiótico impulsiona a evolução das superbactérias. A resistência pode ocorrer espontaneamente por meio de mutação, mas esta não é a única forma. Os antibióticos, quando mal administrados, eliminam apenas as bactérias mais sensíveis às drogas. As mais resistentes, como resultado da seleção natural, permanecem no corpo do indivíduo infectado.
Algumas pesquisas científicas na área têm apontado que um fator importante para o aumento da resistência a antibióticos é a falha nas dosagens. O fato de a mesma dose ser recomendada e administrada para todos os pacientes, desconsiderando suas características particulares, pode comprometer muito a eficácia desses medicamentos.
Como as bactérias se tornam mais resistentes?
Para entender como o uso inadequado de antibióticos pode resultar na alteração genética bacteriana precisamos recordar as formas de atuação desse tipo de medicamento:
— destruição da parede celular bacteriana: alguns tipos de antibiótico têm ação direta na estrutura da parede celular;
— inibição de cromossomos: há também medicamentos que impedem que os genes responsáveis pela reprodução das bactérias se tornem inativos;
— alteração da permeabilidade da membrana plasmática: essa forma de atuação impede a síntese proteica bacteriana.
Com isso, a resistência bacteriana à ação de antibióticos está relacionada a mecanismos desenvolvidos pela própria bactéria para impedir a ação do medicamento. Ela é determinada pela existência e expressão de genes conhecidos como genes de resistência, que determinam o funcionamento dos mecanismos responsáveis pelo impedimento da ação antibiótica. A resistência das bactérias aos antibióticos é resultado de mudanças na estrutura genética desses organismos. Esse processo pode acontecer, basicamente, de duas formas:
— mutações genéticas aleatórias e consequente seleção natural (genes de resistência que fazem parte de unidades de DNA chamadas de transposons); e
— aquisição de material genético de outro organismo, como vírus ou outras bactérias (trocas e recombinações de DNA cromossômico entre espécies).
Os principais mecanismos de resistência bacteriana conhecidos são:
— produção de enzimas que destroem ou modificam a ação dos antibióticos;
— redução da permeabilidade da membrana externa;
— sistemas de efluxo hiperexpressos (excreção de substâncias tóxicas);
— alteração, bloqueio ou proteção do sítio alvo do antibiótico.
A melhor maneira de prevenir a resistência aos antibióticos é incentivar seu uso responsável, além da adoção de condutas preventivas.