Painéis de Sequenciamento de Nova Geração (NGS)
Publicado em: 11/12/2019, 19:36
As condições genéticas mais simples de se diagnosticar molecularmente são aquelas cuja presença ou ausência depende do genótipo em um único locus. Para estas condições basta o estudo de um único gene. Entretanto, para maioria das síndromes genéticas, este não é o caso. Diversas síndromes genéticas apresentam heterogeneidade de locus, o que significa que variações patogênicas em mais de um gene podem ter a mesma consequência e causarem igual fenótipo. Algumas vezes o quadro pode estar associado a apenas dois genes, como por exemplo, a Esclerose Tuberosa causada pela presença de uma variante patogênica no gene TSC1 ou TSC2, outras vezes pode estar relacionado a dezenas de genes.
Além das condições genéticas com heterogeneidade de locus, citamos também as condições com herança multigênica, como por exemplo a perda auditiva congênita. Estudos mostraram que 20% dos indivíduos com perda neurossensorial que possuem variantes em heterozigose no gene GJB2 também apresentam uma deleção no gene GJB6. Condições com variabilidade fenotípica, nas quais os sinais apresentados pelo paciente podem estar presentes em diferentes síndromes, também levam a necessidade de se estudar simultaneamente diversos genes.
Antes do surgimento do Sequenciamento de Nova Geração (NGS), investigar essas condições genéticas era trabalhoso, de alto custo e necessitava de grande quantidade de DNA. O novo método também chamado de sequenciamento massivo possibilita gerar grande quantidade de dados e sequenciar simultaneamente diversos genes, ou até o genoma completo, com rapidez e precisão. Deste modo, tornou possível a investigação de condições genéticas associadas a mais de um gene, seja por heterogeneidade de locus oupor herança multigênica ou por variabilidade fenotípica e sobreposição de sintomas entre diferentes síndromes, que dificultam o direcionamento do estudo para um único gene.
Com base nas publicações cientificas e nas bases de dados de doenças genéticas, foi possível pesquisar os genes associados a um quadro clínico e assim, montar painéis específicos. Alguns destes painéis possuem cobertura por planos de saúde, como por exemplo o painel de câncer de mama e ovário hereditário, que contempla 16 genes; para osteogênese imperfeita, que contempla 5 genes, entre outros.
Os Painéis Genéticos são ferramentas muito úteis de diagnóstico molecular que auxiliam os médicos nos casos em que outras abordagens, como, avaliar o gene prevalentemente relacionado, não se mostra eficaz. Deve-se pensar na escolha de um painel sempre que a investigação envolve um número de genes cujo custo de análise destes seja vantajoso para o paciente em comparação ao do sequenciamento do exoma completo. Os painéis genéticos possibilitam o diagnóstico preciso, muitas vezes influenciando na decisão terapêutica, em medidas preventivas e no aconselhamento genético.
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