Microbioma — o que é?
Publicado em: 24/08/2020, 11:30
Você sabia que cerca de 43% do corpo humano é formado por células humanas? Que o restante da nossa composição corporal é formado por um conjunto de microrganismos como bactérias, vírus, fungos e arqueias e que estes organismos são fundamentais para o equilíbrio de diversas funções biológicas no nosso corpo?
Por mais estranha que esta informação pareça, ela é verdadeira e o conjunto destes microrganismos forma a Microbiota daquela determinada região. O Microbioma já é quando se analisa não apenas a comunidade de micróbios que colonizam este ambiente, mas também a expressão dos genes desta Microbiota e como eles influenciam aquele ambiente.
A análise do microbioma só se tornou possível por causa do avanço da tecnologia de sequenciamento e de análise do produto sequenciado, que permitiram identificar uma enorme diversidade de organismos, que ainda eram desconhecidos por limitação metodológica. A partir deste conhecimento foi entendido que os micróbios raramente se encontram de forma isolada, mas que eles coexistem em uma comunidade, interagindo uns com os outros. A composição do microbioma por sua vez, é altamente dinâmica, sofrendo influência de acordo com a região analisada (por exemplo: pele, narina, boca, trato genital e intestinal), da idade, tipo de dieta, doença de base, uso de medicamentos e diversos outros fatores.
O microbioma intestinal é o mais bem estudado e de maior abundância, havendo 1,3 vezes mais células e genes microbianos do que humanos. Um estudo envolvendo 1.200 pessoas identificou 9,9 milhões de genes microbianos neste órgão. Esses genes, assim como os produtos sintetizados por eles, interagem com o organismo humano gerando estímulos que modulam processos fisiológicos. Esta conexão é o resultado da coexistência por mais de 1 bilhão de anos entre os mamíferos e micróbios, gerando uma relação de interdependência entre ambos. O microbioma intestinal possui diversas funções como a produção de algumas vitaminas; digestão de fibras alimentares; proteção contra patógenos; maturação, educação e estimulação do sistema imunológico; ativação e inibição da ação de medicamentos; modificação do humor através da produção de neurotransmissores dentre outros.
Se a composição do microbioma é influenciada por diversos fatores, vale a pena fazer a sua análise? Sim, porque ao saber a composição do microbioma, é possível identificar alterações na sua diversidade, que pode estar associada a doenças, bem como servir como instrumento para avaliação e acompanhamento da conduta clínica e nutricional. Apesar da variação interindividual da composição do microbioma intestinal, a sua capacidade funcional em um adulto saudável é relativamente consistente, já nos idosos esta microbiota se torna instável e menos diversificada.
A disbiose intestinal é quando ocorre um desequilíbrio na composição e função dos microrganismos localizados neste tecido. Esta disbiose pode influenciar na capacidade de absorção dos nutrientes ou inclusive desencadear problemas neurológicos, respiratórios, metabólicos, hepáticos e cardiovasculares. Este desequilíbrio é associado devido a diminuição de bactérias benéficas e aumento das bactérias vinculadas a condições clínicas, sintomas intestinais e condições metabólicas prejudiciais à saúde.
Alguns exemplos de patologias que possuem alta frequência na população e que já foram relatadas na literatura como associadas com quadros de disbiose intestinal são: diabetes melitus tipo 2 e pré-diabetes, doenças inflamatórias intestinais (colite ulcerativa e doença de Crohn), obesidade, cálculo renal e doença renal crônica, constipação, doença hepática gordurosa não alcoólica, flatulência e arterosclerose.
Em casos de disbiose graves pode ser utilizado o transplante fecal. Este é um procedimento médico utilizado em casos de diarreia severa e recorrente causada pela infecção pelo clostridium difficile resistente a antibióticos, sendo uma terapia eficaz em 90% dos pacientes afetados. Neste transplante é adicionada uma solução com bactérias, fungos, arqueias e vírus do intestino de um indivíduo saudável que irão competir pelo espaço e nutrientes do C. difficile, auxiliando no reequilíbrio da flora intestinal. O primeiro transplante de fezes no Brasil ocorreu em 2013. Estudos tem analisado a eficácia desta técnica para outros casos graves de disbiose intestinal.
Assim como outros exames moleculares a metodologia utilizada no processamento desta amostra e seu software de análise influencia diretamente na qualidade do resultado apresentado e na sua importância clínica. Seguem os diferenciais do exame de Microbioma realizado através do DB Molecular:
— Utilização da tecnologia de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) para identificação de bactérias e suas proporções com acurácia. Nosso laudo apresenta métricas de confiança das leituras aprovadas pelo controle de qualidade da amostra para análise;
— Laudo analisado de forma individual por especialistas com expertise em biofinformática, sendo utilizado os programas e métodos de análise mais bem aceitos pela comunidades científicas mundiais que estudam microbioma;
— Análise do microbioma baseada em estudos bem desenhados e com significativo impacto científico. As análises são realizadas utilizando um banco de dados construído a partir da compilação de dados científicos públicos e privados. Este banco de dados contém informação sobre microbiomas muito bem caracterizado e catalogadas, para a geração de resultados assertivos e de confiança;
— Laudo personalizado contemplando possibilidades terapêutucas individualizadas que direcionam para possíveis abordagens terapêuticas e de mudança de hábitos de vida, em busca de melhoria na saúde, bem-estar e autoconhecimento;
— Contribuição no desenvolvimento e aplicação de conhecimento sobre microbioma para melhorar a saúde humana, a biotecnologia e as ciências da vida em geral.
Entenda como as bactérias podem beneficiar seu bem-estar! Participe do nosso treinamento na UNIDB.
Texto elaborado pela equipe de Especialistas de Produtos do DB Molecular.
Referências
1- Finding diversity in the microbiome. Nat Med 25, 863 (2019) doi:10.1038/s41591-019-0494-3
2- The Human Intestinal Microbiome in Health and Disease. Susan V. Lynch, Ph.D., and Oluf Pedersen, M.D., D.M.Sc. N Engl J Med 375, 24 (2016) DOI: 10.1056/NEJMra1600266
3- Proctor, L.M., Creasy, H.H., Fettweis, J.M. et al. The Integrative Human Microbiome Project. Nature 569, 641–648 (2019) doi:10.1038/s41586-019-1238-8
4- Valles-Colomer, M., Falony, G., Darzi, Y. et al. The neuroactive potential of the human gut microbiota in quality of life and depression. Nat Microbiol 4, 623–632 (2019) doi:10.1038/s41564-018-0337-x
5- Lloyd-Price, J., Arze, C., Ananthakrishnan, A.N. et al. Multi-omics of the gut microbial ecosystem in inflammatory bowel diseases. Nature 569, 655–662 (2019) doi:10.1038/s41586-019-1237-9
6- Sender R, Fuchs S, Milo R (2016) Revised Estimates for the Number of Human and Bacteria Cells in the Body. PLoS Biol 14(8): e1002533. Doi:10.1371/journal.pbio.1002533
7- http://agencia.fapesp.br/tecnologias-baseadas-em-microbioma-devem-movimentar-mercado-de-bilhoes-de-dolares/33665/