Coronavírus
Publicado em: 30/03/2020, 14:08
Nos dias atuais estamos enfrentando uma pandemia pelo coronavírus causador da covid-19. Em 30 de dezembro de 2019, três amostras de lavado broncoalveolar foram coletadas de um paciente com pneumonia de etiologia desconhecida. As amostras foram testadas utilizando ensaios de PCR em tempo real (RT-PCR) e apresentaram resultados positivos para pan-Betacoronavirus. O produto desta RT-PCR foi sequenciado e foram obtidas as sequências genômicas do vírus, que indicaram ser um patógeno com características típicas da família dos coronavírus.
O alinhamento da sequência genômica completa do vírus da covid-19 com outros genomas disponíveis mostraram a relação com a cepa de coronavírus tipo SARS da BatCov RaTG13, com uma identidade de 96%. Os coronavírus são grandes vírus com uma única fita de RNA e um nucleocapsídeo (estrutura composta pelo ácido nucleico do vírus, neste caso RNA, e o capsídeo) helicoidal. Seu nome se deve a espículas (estruturas proeminentes) presentes na superfície do vírus, o que lhe dá a aparência de uma coroa (corona em latim). São estas espículas que se ligam e fundem-se às células humanas, permitindo que o vírus entre em seu interior.
O coronavirus, como qualquer vírus, precisa utilizar a máquina celular para produzir novas partículas virais e para isso seu genoma se integra ao genoma celular e faz com que a célula humana passe a produzir novas partículas virais. Isso provoca a lise celular e os novos vírus são liberados no organismo. Quando começa essa liberação viral surgem os primeiros sintomas, como febre, tosse, espirros e congestão nasal, que são uma reação do corpo que luta contra o vírus que está se replicando e sendo liberado dentro daquele organismo. A forma mais grave da doença é a Síndrome Respiratória Aguda que pode levar a insuficiência respiratória. A contaminação se dá ao entrar em contato com as gotículas contaminadas eliminadas por outro indivíduo infectado, que são liberadas quando o indivíduo infectado tosse ou espirra ou através de superfícies contaminadas por estas gotículas. De acordo com a OMS 80% das pessoas infectadas apresentarão sintomas leves, 14% sintomas severos como falta de ar e 6% dos casos evoluem para doença grave com risco de morte.
Para identificar a presença do novo coronavírus (SARS-CoV-2) a partir de amostras respiratórias é realizado o teste por meio das técnicas de RT-PCR e sequenciamento parcial ou total do genoma viral. O teste por metodologia de RT-PCR é o “gold standard” para diagnóstico específico do vírus causador da covid-19 na fase aguda da doença ou para diagnóstico precoce. Porém são metodologias que exigem áreas laboratoriais diferenciadas com equipe profissional especializada.
Atualmente a ANVISA aprovou testes rápidos por imunocromatografia para pesquisa de anticorpos IgM e IgG os quais utilizam amostras de soro, plasma ou sangue total. Estes testes sorológicos pesquisam anticorpos formados após a infecção, portanto não detectam o vírus o que lhes confere a nomenclatura de testes indiretos. Neste caso, para se ter anticorpos, o indivíduo tem que ter tido contato prévio com o vírus que ativa seu sistema imunológico (aproximadamente de 10 a 14 dias após a infecção).
Os testes sorológicos só são úteis quando já há a queda da viremia e para investigações epidemiológicas. Porém são insuficientes para diagnóstico na fase aguda e apresentam sensibilidade em torno de 86%. Esta sensibilidade menor se deve principalmente a variabilidade inerente a resposta policlonal dos anticorpos humanos. Os testes rápidos para detecção de antígeno do vírus causador da covid-19 permitem obtenção de resultados de forma mais rápida em relação ao processamento por RT-PCR mas são menos sensíveis que os testes que utilizam metodologias moleculares para a detecção precoce do vírus.
Atualmente a covid-19 não tem tratamento específico e diversos protocolos estão sendo testados ao redor do mundo. Além de não ter tratamento também ainda não há vacina contra o vírus da covid-19. Como esse é um vírus novo, as pessoas não têm imunidade contra ele, o que faz com que o contágio seja mais rápido. Por isso é importante ressaltar as medidas de prevenção como lavar as mãos, manter distância de 2m de outra pessoa, evitar aglomerações e seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde. Ações preventivas podem ajudar na redução da velocidade da disseminação do vírus e no surgimento de novos casos.
Texto escrito pela equipe de Especialistas de Produtos do DB Molecular.