HIV — Entenda a sequência de procedimentos para diagnóstico
Publicado em: 14/12/2022, 08:42
Infelizmente, os números mostram um aumento no número de casos de infecções por HIV no Brasil*. A estimativa é de que 866 mil pessoas vivem com o vírus no país. Diante disso, além de conscientizar a população sobre a prevenção, é fundamental que os médicos se mantenham atualizados em relação aos procedimentos de diagnóstico da AIDS.
*fonte: Agência AIDS
Veja a seguir, qual é o passo a passo necessário para realizar o diagnóstico correto da doença. Boa leitura!
Análise dos sintomas na consulta médica
Em alguns casos, o paciente chega até o consultório para verificar se está infectado pelo HIV por ter se exposto a um dos comportamentos de risco para contrair a doença. São eles:
- relação sexual sem o uso de preservativo com uma pessoa infectada pelo vírus;
- compartilhamento de seringas ou agulhas com outras pessoas;
- reutilização de objetos perfurocortantes com fluidos contaminados pelo HIV.
Nessas circunstâncias, além de analisar a saúde geral da pessoa, é importante incluir as seguintes perguntas durante a análise clínica:
- Quando você acredita que foi exposto ao vírus?
- O que você está sentindo?
- Quando começou a sentir os sintomas?
Outra situação possível ocorre quando o paciente busca ajuda médica por conta dos sintomas, mas ainda não desconfia que possa ter sido contaminado. Ao perceber os indícios da doença, é preciso fazer a investigação, durante a entrevista, para verificar se existem comportamentos de risco.
Veja quais são os principais sintomas da infecção aguda pelo HIV:
- febre;
- cansaço;
- aumento dos gânglios linfáticos;
- dor de garganta;
- perda de peso;
- dores musculares;
- dor de cabeça;
- náuseas;
- diarreia;
- sudorese noturna.
Seja qual for o contexto, antes de solicitar o exame é muito importante explicar sobre o que pode estar acontecendo, os motivos ou riscos que podem ter sido responsáveis pela infecção e quais serão os próximos passos. Como se trata de uma doença importante, é natural que o paciente fique abalado antes mesmo de receber o diagnóstico. Por isso, é primordial tranquilizá-lo.
Solicitação do exame
O exame anti-HIV só será eficiente pelo menos 30 dias após o comportamento de risco. O período é necessário para que o organismo comece a produzir anticorpos contra o vírus — o que será detectado no teste. Caso o exame ocorra antes do prazo, na chamada janela imunológica, o resultado pode ser negativo mesmo que a pessoa esteja infectada.
Caso a pessoa tenha contado com o vírus, ela não precisa esperar os anticorpos se manifestarem para começar o tratamento. Nesses casos, o Ministério da Saúde recomenda que a Profilaxia Pós-Exposição de Risco (PEP) tenha início até 72 horas após a exposição, que incluiem casos de violência sexual, relação desprotegida e acidentes ocupacionais.
Confira quais tipos de exames podem diagnosticar a doença:
- Testes rápidos: Como o próprio nome indica, são exames em que, após a coleta da amostra, o resultado fica pronto rapidamente — em 30 minutos. O teste também dispensa a necessidade de aparato laboratorial: o profissional de saúde coleta a gota de sangue, ou fluído oral, e submete o material ao reagente. O exame pode ser solicitado de maneira gratuita e sigilosa no Sistema Único de Saúde (SUS) e até mesmo ser comprado nas farmácias. Por ser extremamente sensível, ele pode indicar resultados não completamente confiáveis. Sendo assim, caso o resultado seja positivo, é preciso realizar um exame laboratorial para a confirmação.
- Exames laboratoriais: O diagnóstico sorológico deve ser feito em laboratório, onde os profissionais analisam a amostra para verificar a presença de anticorpos específicos para o HIV. Para evitar resultados falsos existem procedimentos obrigatórios estabelecidos pelo Ministério da Saúde que precisam ser respeitados durante os testes. Conheça quais são eles:
- Triagem sorológica: Depois da coleta do sangue, é obtido o soro que será aproveitado para os testes. A próxima atividade é denominada triagem sorológica, em que são realizados exames capazes de identificar anticorpos contra o HIV. Todos os kits utilizados para os testes devem ser registrados no Ministério da Saúde/ANVISA. Se o resultado do teste for “não reagente”, o laudo negativo para HIV é emitido e encaminhado ao paciente. Quando os testes demonstrarem a presença de anticorpos contra o HIV, uma amostra precisa ser levada ao exame confirmatório
- Confirmação Sorológica pelo Teste Western Blot (WB): O Teste Western Blot (WB) serve para confirmar a presença de anticorpos específicos contra o HIV na amostra. Se o resultado for positivo, uma nova amostra deve ser coletada e submetida à pesquisa de anticorpos para o HIV para se evitar erros como troca ou não identificação correta de amostras. Somente após a testagem da segunda amostra e a permanência do resultado positivo para anticorpos contra o HIV, o diagnóstico de infecção pelo vírus pode ser confirmado e o laudo emitido. Ainda que o resultado seja não reagente para HIV e exista a suspeita de infecção, o Ministério da Saúde recomenda uma nova coleta de sangue dentro de 30 dias e a repetição dos processos anteriores.
Interpretação e entrega dos resultados
Como vimos, o procedimento para diagnosticar se o paciente é soropositivo é complexo — várias etapas são realizadas para aumentar o grau de confiabilidade dos exames. Verificar com atenção todas as informações dos laudos obtidos, além de descobrir se existe ou não a presença do vírus, eles são essenciais para iniciar o tratamento adequado caso seja conformada a infecção.
É importante que a notícia seja dada ao paciente com muita tranquilidade, demonstrando que, apesar de não ter cura, existem tratamentos para combater o vírus. Nesse momento, também é importante orientar sobre quais são os cuidados que devem ser tomados para ela não contaminar outras pessoas, além de desvendar os principais mitos em relação à síndrome.
Esperamos que este conteúdo tenha ajudado você a compreender qual é a sequência de procedimentos necessários para diagnosticar a presença do HIV. Lembre-se de indicar laboratórios de confiança, que respeitem as normas técnicas do governo, para não ter problemas de resultados equivocados.