Citogenética — Aplicações para diagnósticos de doenças raras
Publicado em: 19/06/2019, 13:23
Existem doenças que só podem ser identificadas e diagnosticadas da forma correta a partir de exames que envolvem o estudo dos cromossomos, avaliando seu número, estrutura e herança genética, relacionando-os com a apresentação clínica de cada paciente.
No caso das doenças genéticas, o ramo de estudo responsável por essa pesquisa é a citogenética. Por definição, a citogenética humana é o estudo dos cromossomos, analisando-os em relação ao número, herança e estrutura em busca de alterações que possam justificar os quadros clínicos dos pacientes.
Os cromossomos são estruturas compostas por DNA. O DNA é responsável pelas informações genéticas transmitidas pelos nossos progenitores. Um ser humano com condições genéticas normais possui um total de 46 cromossomos divididos em 23 pares, sendo que um desses pares é relativo ao sexo biológico do indivíduo. Quando um par sofre alguma alteração surgem as anomalias cromossômicas, como a Síndrome de Down, na qual ao invés de um par o indivíduo possui um trio de cromossomos 21, fazendo com que a doença também seja conhecida como “trissomia do 21”.
Através de testes e análises, a citogenética clínica consegue identificar alterações cromossômicas estruturais ou numéricas. As alterações estruturais são as que implicam na modificação morfológica dos cromossomos, como duplicações, inversões, translocações, deleções, etc. Já as alterações numéricas são caracterizadas pelas perdas ou ganhos de 1 ou mais cromossomos, como é o caso da Síndrome de Down citada anteriormente. Uma série de doenças está associada a alterações cromossômicas adquiridas, como o câncer; e constitucionais, como as síndromes causadas pelas alterações morfológicas ou numéricas.
Doenças identificáveis através da citogenética
A evolução da citogenética permitiu que diversas doenças genéticas constitucionais e adquiridas fossem identificadas através dos tipos de exames. Confira algumas delas:
— Síndrome de Down: A alteração numérica mais conhecida é a Síndrome de Down. Ela é causada pelo ganho de um cromossomo 21 extra na 21ª secção, fazendo com que o portador possua 47 cromossomos. Ela pode ocasionar atraso do desenvolvimento, podendo também causar dificuldade na fala e na aprendizagem, problemas cardíacos, ganho de peso e estatura abaixo do comum.
— Síndrome Cri-Du-Chat: Conhecida também como Síndrome do Miado de Gato. Sua causa se encontra em uma na deleção no braço curto do cromossomo 5. Essa desordem genética resulta em retardo do desenvolvimento físico, baixo peso ao nascer, tonicidade muscular fraca na infância, microcefalia e deficiências intelectuais.
— Síndrome de DiGeorge: Graças a uma delação de um gene ou grupo de genes no braço longo do cromossomo 22, mais especificamente na banda 1 da região 1, os indivíduos com essa condição manifestam alterações na imunidade celular, má formação cardíaca e facial.
— Leucemia Mieloide Crônica: Esse tipo de leucemia é causada por ocorrer devido a uma mutação espontânea dos cromossomos, com razão ainda desconhecida pelos médicos. Normalmente afeta idosos e a maioria dos afetados não desenvolvem sintomas até fases mais avançadas da doença. Os sintomas envolvem sangramentos e hematomas recorrentes, sensação de fraqueza ou cansaço, pele pálida, sudorese noturna e perda de peso. É possível tratar a leucemia mieloide através de transplante de células-tronco, quimioterapia, medicamentos direcionados e terapia biológica.
— Leucemia Linfoblástica Aguda: Esse é o câncer mais comum na infância, apesar de ser considerado uma doença rara. A LLA ocorre quando uma célula de medula óssea desenvolve erros no seu DNA. Entre os sintomas estão hematomas, dor óssea, febre, gânglios linfáticos, infecções frequentes e sangramento das gengivas. Ela se manifesta principalmente em crianças de 2 a 5 anos, evoluindo de forma agressiva, podendo ser fatal se não tratada no prazo de semanas ou meses. Os tratamentos podem ser a base de medicamentos relacionados a eliminação das células cancerígenas ou quimioterapia.
— Leucemia Linfocítica Crônica: Essa doença, em oposição a LLA, costuma se se desenvolver em idosos a partir de um tipo específico de glóbulo branco chamado célula B. A LLC tem progressão lenta, podendo não causar sintomas durante anos. Quando começam a se manifestar, os sintomas são fadiga, maior propensão ao surgimento de hematomas e gânglios linfáticos inchados. Apesar de nem sempre ser necessário no início, o tratamento pode envolver, para casos mais leves, quimioterapia e, para casos mais agressivos, o transplante de células-tronco, que ocorre raramente.
Exames
Existem três tipos de exames que podem ser realizados dentro da citogenética para identificação das doenças citadas acima e de outras doenças diagnosticadas a nível molecular.
— Cariotipagem: A Cariotipagem é feita por meio do bandeamento G, onde a análise cromossômica é feita a partir de resolução microscópica. Através desse exame, é possível analisar as estruturas e quantidade de cromossomos de uma célula utilizando microscópios com óptica de maior resolução e processamento de imagens de qualidade. Esse exame exige análise de um especialista em citogenética.
— FISH: A Hibridização in situ Fluorescente, ou Fluorescent in situ Hybridization, em inglês, é um método que localiza, por meio de sondas de DNA marcados com fluorocromos, micro seções da sequência de genes e, assim, detectar alterações diminutas e específicas. A Cariotipagem é o exame mais superficial, que pode ser feito através da utilização de microscópios de alta tecnologia. Já o FISH utiliza uma tecnologia mais avançada para que os fluorocromos consigam se atrelar ao DNA.