Principais aplicações da Farmacogenética na Medicina
Publicado em: 12/06/2019, 13:46
Você sabe de onde surgiu o conceito da Farmacogenética?
Nos últimos anos, os testes genéticos têm sido cada vez mais utilizados na prática clínica. Isto ocorreu devido a convergência de alguns fatores. Dentre eles estão a diminuição do custo dos exames genéticos, o aumento do conhecimento médico sobre o seu uso e o desenvolvimento de novas metodologias moleculares. Devido a diversidade genética entre os indivíduos, a resposta ao uso de um mesmo medicamento pode variar. Onde em algumas pessoas pode gerar efeito colateral grave e em outros não ter efeito nenhum.
Para entender o porquê desta divergência foram feitos diversos estudos. Sendo identificado que variações no complexo do Citocromo P450 podem ser os responsáveis pelos diferentes níveis de resposta na população, mesmo que frente a um mesmo composto. A partir deste conhecimento foi criada a Farmacogenética, que tem tido destaque, inclusive na mídia. Isto ocorreu principalmente por causa do contínuo desenvolvimento de medicamentos pela indústria farmacêutica. Desenvolvendo fármacos cada vez mais eficazes porém com custos mais elevados. Além disto o paciente tem se tornado cada vez mais crítico e tem exigido do médico tratamentos mais eficazes com com mínimos efeitos adversos, além de evitar o gasto com medicamentos não eficazes ou que gerem efeitos colaterais diversos.
Se você ficou curioso sobre o assunto, leia o restante do nosso artigo e saiba mais sobre a Farmacogenética, seus principais benefícios bem como suas aplicações. Boa leitura!
O que é a Farmacogenética?
Com o conhecimento adquirido no Projeto Genoma Humano, os pesquisadores descobriram, e ainda estão descobrindo, como as características genéticas que herdamos dos nossos pais biológicos influenciam tanto na expressão dos nossos genes, nas nossas características fenotípicas, no risco de desenvolvimento de doenças e na resposta aos medicamentos. Este conhecimento gerou a possibilidade de melhorar identificar as causas genéticas de doenças, assim como auxilia no desenvolvimento de novos fármacos. A grande maioria dos medicamentos são metabolizados, ou processados, pelas enzimas do Citocromo P450 (CYP), presentes no nosso fígado. Devido a nossa diversidade genética foi observado que alterações nestas enzimas podem afetar a velocidade de metabolização dos remédios. Embora haja mais de cinquenta enzimas no complexo do CYP, sete delas metabolizam 90% das drogas, sendo duas as mais significantes: CYP3A4 e CYP2D6.
A Farmacogenética é a parte da genética que através dos polimorfismos encontrados no CYP analisa a velocidade de metabolização dos diferentes medicamentos, entendendo o risco de toxicidade dos mesmos, auxiliando o médico no momento da escolha do tratamento para o seu paciente, levando em conta a sua exclusividade genética. Esta área tem sido cada vez mais utilizada principalmente por causa do frequente aumento dos custos médicos por paciente, da crescente necessidade de administrar tratamentos mais eficazes, com menos recursos financeiros e efeitos colaterais mínimos. Um outro ponto que demonstra a importância da Farmacogenética é na associação do número de casos de hospitalização e até casos de morte causadas devido reações adversas a medicamentos.
Um levantamento feito nos Estados Unidos indicou que 5% das admissões hospitalares são causadas por efeito colateral a algum medicamento utilizado, além disto foi observado que estas reações adversas causam um aumento em média de dois dias na estadia hospitalar do paciente, aumentando o gasto com ele em $2500.
Quais as principais aplicações?
O uso clínico da Farmacogenética ainda está em fase inicial, tendo muito a expandir ao longo do tempo. Apesar do seu uso ainda não ser tão disseminado, ele possui o potencial em diminuir o custo do paciente para o plano ou até para o sistema público de saúde ao auxiliar na prescrição de medicamentos altamente eficazes e com baixo risco de efeito colateral grave. Uma outra vantagem deste exame está na previsão da forma de metabolização do fármaco no organismo do paciente, antes mesmo do início do tratamento, permitindo um tratamento personalizado e eficaz para aquele indivíduo.
A especialidade médica que mais solicita este medicamento são os Psiquiatras, pois muitas vezes é necessário o uso de mais de uma medicação para resolver o problema psiquiátrico do paciente, havendo a interferência entre ambos no organismo. Além desta situação, entre 20-30% dos pacientes com depressão não reagem adequadamente ao medicamento prescrito e para analisar a resposta do tratamento pode ser necessário aguardar até 6 semanas. A Farmacogenética desta forma ajudará na tomada de decisão médica, garantindo um bem estar ao paciente de forma mais rápida e evitando o gasto com medicamentos que não serão benéficos para o indivíduo.